I sank into her loving lips
Swallowed in a passionate dementia,
Feeling perfection below my fingertips
As I touch your skin seeking redemption.
O próximo quadro?
Está escondido atrás dos próximos dias. Vão procurando.
I sank into her loving lips
Swallowed in a passionate dementia,
Feeling perfection below my fingertips
As I touch your skin seeking redemption.
O próximo quadro?
Está escondido atrás dos próximos dias. Vão procurando.
Sob o horizonte, apenas verde. Vários tons de verde. Como o sol brilhava, esclarecia-se a paisagem. Algumas árvores espalhavam-se. O céu era pobre em nuvens, naquele dia, o que lhe dava um aspecto rico, saudável, alegre. Uma paisagem vazia, calma, longe de tudo. Inalcançável. O desejo de todos aqueles que procuram desintegrar todo o lixo, tudo aquilo que é desnecessário e humano, que lhes chamusca a mente. Queimando lentamente, neurónio por neurónio, paciência por paciência, cada grão de sanidade. Algo tão ridiculamente desnecessário. Algo tão incrustado nos nossos dias que nem nos apercebemos da sua diabólica presença. Demasiado humano. Demasiado triste. Demasiado cinzento. Demasiada poluição mental. Demasiada destruição. Uma praga ímpar sem adversário.
Havia chegado lá há pouco tempo. Há tão pouco tempo que não se apercebera de que já lá estava há muito tempo. O calendário já se tinha transformado em cinzas na fogueira que o aquece. A casa era pequena, o suficiente para viver. Nada de extravagante, nada demasiado inútil, nada demasiado humano. Pedra e madeira. Os requintados mármores e metais seriam um pecado. Um pecado desnecessário. Esta inovação ia contra aquilo que até ali chegar lhe tinham dito. Uma mansão. Um rio áureo. Sexo vazio. Todas as futilidades que uma sociedade humana pode oferecer. Mas porquê? Para quê? Tinha ultrapassado todas as superficialidades do mundo do consumismo. O mundo artificial. Deixara de ser um andróide concebido para alimentar as tretas mais profundamente enterradas na mentalidade conformista do rebanho.
Estava só de humanos. Possuía apenas alguns livros para ler, desenhar e escrever. Telas para pintar. Instrumentos musicais. Uns arreios do lado de fora da casa, sempre cobertos. Era tudo simples, de ar antigo e ao mesmo tempo novo. Ao redor, estendido em todas as direcções, um imenso campo. Uma beleza pessoal. Uma beleza encontrada por si. Uma beleza criada por si. Não aquela que lhe tinham dito que deveria venerar. A sua mente… vazia. Limpa. Feliz. Isolada. Livre.
He pulled it against his head and took a breath,
Heard life around him as precious as she is,
The colours beamed and faded simultaneously,
The despair that took over and warped him
Was the only thing he met that moment
And the one thing he desired to be away from.
The torment of the past pierced his soft skull
Into his fantasy worlds, into his eyes and lungs.
He questioned it one more time, one last chance
But then again, why bother to stop this boring?
He took the last breath, a lost breath,
And gave himself the answer after this life.
In a split second, the bullet touched his head,
Drilled it like a million desperate leeches,
An ocean of tears drowning his now hollow life.
Everything was extremely light and then heavy,
Dark, empty, a second that dragged forever
As the bullet caved deeper into his brain,
Erasing all as it went by, gentle like a spider.
A burning pain was painted over all his senses,
But a relief also covered his open wounds and scars.
He bled his life out through a small hole
From which Death sucked all his memories.
Escrevi hoje este poema ao ouvir Black Tape For A Blue Girl. É uma resposta... Não. Não ainda, mas uma amostra de uma resposta ao desafio que o Sr. Palimpsesto me lançou. Uma tentativa de fazer descrições de emoções e de as trasnsportar para quem as lê. Obras como as de Chuck Palahniuk foram exemplos para perceber esta forma de escrita, ainda que não tenha lido nada dele. Apenas falámos deste autor.
Este poema fala de um homem à beira do suicídio. Descreve os últimos segundos da sua vida. Sendo a maior parte uma fracção de segundo, a segunda estrofe. Quando comete suicídio.
Não sei bem como o faço. Apenas me sai. Esgueira-se intrepidamente da minha alma, através dos meus dedos. Algo como a música, que parece trespassar os nossos corpos e se entrelaça dentro do nosso cérebro, acariciando-o ou investindo contra as suas paredes, expulsando tudo lá de dentro. Como um transe. Uma possessão. Algo calmo e atormentador.
Precisa-se de técnica, é certo, mas apenas se precisa dela para complementar com beleza, com estética. É como na música. Alguém que não saiba tocar pode, no entanto, saber o que tocar. Apenas lhe falta saber como o fazer. Mas a essência, o sentimento, está lá.
Há poemas que demoram apenas alguns minutos para despejar num papel ou no computador, que não precisam de tanto tempo a eles dedicado. Os mais espontâneos, ainda que pensados minimamente, sentidos. Há outros que demoram horas, dias, semanas.
Escrever, pintar, esta produção de poesia não é algo que escolho fazer, é algo que eu sinto que quero dizer, deixar sair. É como um instinto. A ideia já me está entranhada, claro. Nada é perfeito ao ponto de criarmos algo do nada. Mas qualquer coisa pode despertar esta vontade. Um evento, uma palavra, uma música, um beijo, um lugar, qualquer coisa. Pelo menos é isto que acontece comigo.
Os poemas não me pertencem. Pertencem a todos. A Arte é de todos. Porque todos interagimos com ela. Todos a fazemos nossa. Temos uma interpretação dela, que é sempre válida. Pode não ser a verdadeira, mas é a nossa. Apenas quem o escreve sabe exactamente o significado puro do poema. Porque só ele sente aquilo exactamente como sente, passou pelas experiências por que passou... Somos todos únicos. Podemos olhar para a mesma palavra de várias maneiras, algumas delas pessoais.
Nunca escrevo algo a pensar “irão eles gostar?”. Isso não seria o que eu sinto, mas o que os outros querem ver. Uso as palavras que quero. Uso os meus sentimentos. Chocantes ou não, são os meus sentimentos.
Arte é resistência. É a nossa verdadeira voz, é o que faz de nós quem somos. Podemos mudar o mundo com esta guerra pacífica.
A imagem ilustrada é cortesia do senhor Trent Reznor.