24.8.09

Wally

inspirado por Kid A, Radiohead

22.8.09

É minha. Não toca.

19.8.09

Caiu o Caramunhastelo


Desbravaste o meu coração vadio e perdido. Entraste nesta minha labareda que rasga a vida e viraste-a do avesso. Olhei para ti e vi a demência mais psicadélica a sugar-me em espiral para um respirar mais brando e profundo. Doseado em pequenas gotas, vislumbres de uma deusa agraciada por cantos celestes e sombrios foram-se contando, rogando por mais, insaciáveis.

Que tortura a história deste véu esvoaçante que espalha ao vento os capítulos enamorados do nosso amor. Tortura a alma de tanta beleza e dor e bênção e olhares desejados e tristes. Este palácio da lamentação que foi rugindo horrores à medida que se desmoronava pesado e metálico, este palácio de caramunhas e lástimas que foi quebrando o seu ser à penetração da aurora que foste tu. Tu. Tu, que fazes subir pela garganta a aura das minhas emoções e sujar os olhos das mais límpidas e cristalinas lágrimas. Foste tu, meu amor, que despertaste a minha paixão azul com os teus olhos.

E, quando as primaveris palavras surgiram das bocas timoratas, derreteste-me em mil outros corações, que arderam todos juntos e cegos e apaixonados. E ao despoletar, como a flor que brota para exornar esta existência feliz, o primeiro beijo, que rebentou com todas as fronteiras e atravessou o espaço e tempo, zarpou este milagre para porto desconhecido e desejado.

E os ventos, pujantes de todo o seu poder maligno ou sensual, e as acalmias, dotadas de longos olhares e respirares vazios, transformaram-se na vida que eu tanto amo. Amo, amo, amo…

17.8.09

saltaste



Quando te vi saltar, caiu-me a mente e disparou o coração. Aquele grito de puro horror que me queimava, que me corroía por dentro. Neste jogo de emoções sulfúricas libertei-me no escuro, batendo em todas as paredes possíveis. As lágrimas que ataviavam a tua pele de expressões escondidas cresciam-me também, quando me agachei no vazio, a olhar para ti. Só olhava para ti, deixando escorrer o sangue, deixando a dor tornar-se real, a cada segundo. Todos aqueles diálogos invisíveis, aquelas respostas guardadas, que haveriam de ficar assim…



Saltaste. Foi de repente, mas já o previra. Quis agarrar-me a ti. Não te deixar ir, proteger-te de todas aquelas mãos. Senti-me vão, senti-me distante. Foi ali, a olhar para ti, que finalmente sangrei aquelas lágrimas. Apercebi-me de tantos milagres, todos vazios e cheios de tudo. Os milagres de quando olhavas para mim. Esses, especialmente. Não decorei os teus olhos o suficiente.
Vi-te o cansaço todo nos olhos. Desejei tanto perceber o que estava por detrás daquilo que já está escondido. Provei-te as lágrimas e não reconheci o sabor (talvez já o conheça, mas sou muito insensível quanto a sabores). Um dia explicas-me? Não quero chegar ao sonho de novo sem perceber porque é que dessa vez conseguiste aquilo que querias. Não quero tornar a dor mais real e misteriosa.

Desculpa, não sei que mais dizer. Talvez consiga mais tarde.

a.