5.4.09

Janela

   Vejo-os andar insignificantes e emprestados uns dos outros. Observam estátuas de metal. Observam algo que pensam compreender, algo que tem um significado tão vazio como o resto das suas vidas. Não se sintam enganados, sou só mais uma estátua de metal. Sou igual a todos os outros. Uma peça da orquestra biológica que toca uma sinfonia muda.
   Deuses impossíveis. Perfeições falsas. Um rosto para o qual olham em desespero, um rosto para explicar o nada assombrante. Tempos desvanecidos eternizados. É triste e cómico. Sadicamente cómico.
   Tentam ser como esse rosto. Tentam algo ridículo. Algo estandardizado, algo ingénuo. Algo cego e apetecível. Algo conveniente. Mas foi sempre assim, não é? O humano é fraco por Natureza.
   Olhei pela janela e vi estes pequeninos seres, a meia centena de metros, a idolatrar umas estátuas de metal. Será que as acham realmente bonitas ou é só porque se diz que é uma obra de arte? Cá para mim é o segundo. As estátuas estão vazias por dentro. São ocas, como os seus admiradores.
   Mas… não deixam de ter um certo encanto, não é? Uh, mistério. É no sentimento que reside a razão escondida.
   Orquestra? Hmm... Prefiro duetos.

4 comentários:

Anónimo disse...

se eu não apagar isto é porque dei um passo fora da casa do medo.
já nada é seguro. nem mesmo a arte. tenho saudades da arte. se é que a conheci. mas acho que sim. acho que a li em ti. um bocadinho. não sei. estou perdida porque a arte era o meu amor.

Anónimo disse...

olha, fui mais rápida que a minha consciência e não apaguei.
quero dormir.

Anónimo disse...

espera! a arte ainda é o meu amor!

detesto pontos de exclamação. são bicudos.
mas eu tinha que exclamar, sabes.

Unknown disse...

Sobre o contemplar das estátuas de metal:
http://en.wikipedia.org/wiki/Fountain_(Duchamp)

Um abraço