16.12.09

casa sem portas



encalacrei-me em teus lábios. uma espiral de sabores e dissabores, um convento na colina da paixão. crescem-me ramos das mãos, a pele escureceu e afeiçoei-me à terra com demasiadas raízes. enterrei-me. os olhos respiraram-te uma última vez. que tenebrosa despedida.
não és tu que me queres?
pertenço-te, terra. que me torne verde e pesado, que me vista de pele de carvalho em vez da minha, que me abracem estes beijos morticínios.
filhos de carapaça negra – são sexo e são deus. ah, que convento fátuo de galantismo e faustosidade negra. estas carapaças, estes olhos que reluzem do escuro, que se passeiam…
divago.
divagações existenciais.
sou morto de paixão. são as minhas raízes na lama. fiz uma casa sem portas – que tenebrosa despedida. o ar é a morte.

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