Aquelas tristes árvores que caíram
Cansadas e pesadas, p'lo inferno
Do Homem assoladas: traidor, terno,
Donde eternos horrores feros saíram.
Aquelas tristes vidas nada viram,
E, livres de qualquer uma das curas,
Caíram todas vazias; as desventuras
Nelas marcadas só a mim sorriram.
Aquelas tristes vidas não resistiram
Às máquinas egoístas da sua morte.
Choraram este pranto, finda a sorte
E eu sigo (porque agora elas morreram).
São todas preenchidas de um vazio
Negro, perturbador e tão longínquo
Como a Natureza é do Homem.
São todas adornadas deste rio
Que corre violador e tão iníquo
Como a natureza vil deste ser.
Tento assim abrigar-me deste frio
Que não conhece beiras nem fronteiras:
Segue matando até ao seu final.
Filipe Dumas, 25 de Fevereiro - 19 de Março de 2009
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