7.2.09

O Que É Original?

   Original não é uma palavra original. Original é um conceito relativo, já que nada material é, realmente, original. O preconceito da originalidade diz-nos que esta palavra significa algo novo, inovador, que não teve quaisquer outros antecedentes. E assim, quando fazemos algo fora do comum, ideia nossa apenas, nova, dizemos que é original.
   A palavra deriva de “origem”. Origem é, básica e simplesmente, o ponto de começo, o local de onde algo vem. Dizemos que um quadro é original de Picasso quando este é feito pelo mesmo, não uma cópia. Uma cópia não é original.
   Mas, como já disse, nada é realmente original. Quando passamos uma ideia “original” para o papel, não a transpomos exactamente como a pensámos. Ao mínimo pormenor mudado, inconsciente e involuntariamente, a obra deixa de ser original. Perde a pontaria do seu sentido e embacia-se um pouco.
   E, indo mais longe, todo o nosso pensamento está condicionado por acontecimentos anteriores, pelo que o conceito de original se torna mais vazio e mais relativo, ao mesmo tempo. Será que poderemos chamar o auto-retrato de Frida Kahlo, por exemplo, uma obra original? É autêntica dela, com certeza, mas, na cabeça dela, as formas de certeza que teriam uma forma ligeiramente (ou talvez muito) diferente. E a sua ideia de pintar aquele auto-retrato não apareceu do nada. Algo que antecedeu aquela ideia levou a pintora a descrever-se. Houve causas que, misturadas, formaram a ideia do quadro. E antes desses acontecimentos, outros ainda. E por aí em diante, estabelecendo uma cadeia causal. Desta maneira, nada é absolutamente original.
   Podemos falar em originalidade relativa. Algo inovador, como, por exemplo, uma música, pode levar à criação de uma nova vertente musical.  É relativamente original, mas não absolutamente. Conclui-se então que a originalidade é um conceito que transcende as ideias superficiais dos nossos preconceitos, existindo uma complexa rede de debate entre o que é algo original ou não. É mais plausível discutir que nada é realmente original, à excepção da possível causa que desencadeou a cadeia causal, mas há uma originalidade relativa inerente às acções.

Desenvolvi este texto para ajudar uma amiga num trabalho. Até gostei e resolvi publicá-lo aqui no blog. Apenas uma deliberação do que é ser original.

4 comentários:

Joowy! disse...

LOOOL Achei engraçado o pormenor do "uma amiga". És o maximo.

Flip disse...

Tens problemas?! Eu e a tua irmã temos uma grande amizade!

Anónimo disse...

devia de ter comentado logo quando li isto pela primeira vez.
é que isto é especial, percebes?
é mesmo especial.
eu fiquei sem palavras.
porque caramba, isto é mesmo bom.

Anónimo disse...

que horror, a minha escrita assusta-me. ;_;